INTERAÇÃO ENTRE ACADEMIA, MERCADO, SETOR PÚBLICO E SOCIEDADE CIVIL
O Museu Histórico Nacional foi palco, no dia 29 de Outubro de 2019, do “II Encontro de Inovação em Turismo: Integração Entre Academia, Mercado, Setor Público e Sociedade Civil”, organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio, com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ.
O objetivo do evento foi pautado no estímulo à interação entre diferentes atores de turismo e contou com a presença de 200 participantes, representantes de Universidades, Setor Privado, Setor Público e Sociedade Civil, a fim de discutir e sugerir alternativas para a melhoria do turismo no Rio de Janeiro, em especial nas áreas do Centro, Zona Portuária, Zona Sul e Zona Oeste. Também teve como propósito, colocar em pauta temáticas que permeiam a inovação no turismo, englobando, em especial, os conceitos de co-criação e inovação territorial.
O público teve a oportunidade de assistir diversos palestrantes de renome na área do turismo, marketing, design e engenharia ambiental. A mesa de abertura foi composta pelo Professor Arody Herdy, Reitor da Unigranrio, e Nara Pires, Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Unigranrio, pelo Marcos Neme, Diretor de Operações do StartupRio e Assessor da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ e pela Professora Deborah Zouain, responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio (NPTU), que destacou a necessidade de maior debate e estímulo à aproximação de diferentes atores em prol da inovação em turismo.
Paola Lohmann, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio e doutoranda da Universidade de Aveiro, abriu a “Mesa 1 – Inovação Territorial”, e apresentou resultados parciais de sua pesquisa de doutorado englobando o conceito de Quádrupla Hélice aplicado ao Turismo. Os dados da pesquisa apontam que existe ainda hoje um baixo nível de interação entre os 4 atores – Universidade, Empresas, Governo e Sociedade Civil – para desenvolvimento de projetos em conjunto. E apesar da maior parte dos respondentes acreditar que uma maior interação entre os diferentes atores possa ser benéfica para a inovação no turismo, a falta interesse de desenvolvimento de projetos em conjunto e a falta de definição de objetivos comuns são os principais entraves para esta interação. A pesquisa também aponta que os investimentos em Incubadoras, Start ups e Empresa júniores no turismo são ainda muito baixos e isto pode também prejudicar a inovação no turismo. Neste período pós olímpico, a segurança é uma temática que deve ser tratada com muita atenção sendo o aspecto que precisa melhorar para a grande maioria dos respondentes. E neste contexto, o residente deve ser visto como um importante ator para a inovação no turismo e também deve ser visto como potencial consumidor de produtos e serviços turísticos na cidade.
A mesa contou, em seguida, com as contribuições do Professor Carlos Rodrigues, da Universidade de Aveiro – Portugal, que discorreu sobre o conceito de inovação territorial e reforçou a importância desta interação entre os diferentes atores para a inovação no Turismo na cidade do Rio de Janeiro. Logo após, Clarice Lamb, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, apresentou o projeto de interação e co-criação local: o Pacto Alegre. O projeto atua não somente no turismo, como em diversas áreas integradas em prol de melhorias para a sociedade civil local.
O vice-presidente da RioTur, Lucio Macedo, marcou presença no evento e abriu a dinâmica de Design Thinking na parte da manhã. Neste momento, os participantes formaram grupos com objetivo de identificar gargalos e desafios da área do turismo no Rio de Janeiro, e, em seguida, propor possíveis soluções. O processo foi super dinâmico e os resultados e insights permitiram a criação de uma agenda de prioridades para diferentes áreas da cidade. O relatório completo será disponibilizado em breve pelo Núcleo de Pesquisa.
Na parte da tarde, a “Mesa 2 – Co-criação: residente, turista e destino” teve participação de Raquel Sztejnberg, Head de Estratégia da Superunion/ WPP, que apresentou cases internacionais de inovação em branding, e também de co-criação. Dentre os cases explorados, destacam-se o Museu do Louvre em Dubai que leva arte e cultura para fora as estradas, ao longo de outdoors conectados com rádios nos carros das pessoas. E também, as novas experiências de acomodação em Amsterdam, que transformaram casinhas de controle de pontes, em novos leitos na cidade, trazendo a identidade local para um novo olhar e possibilidade de estadia exclusiva no destino.
Em seguida, Flavia Souza, designer e coordenadora de curso de design de Mobiliário no IED Rio, apresentou o projeto Design à Beira Mar, que realizou um projeto entre diversos atores, e preza justamente por um dos pilares e ativos culturais mais importantes do Rio, a sua praia. No próximo verão, as praias da Zona Sul terão uma novidade na areia: as barracas estarão com novo design, mais bonito, leve e fácil de montar!⠀Esse projeto é resultado da parceria criativa do Istituto Europeo di Design (IED Rio) com a Associação Sol e Mar, organizada pelos barraqueiros das praias cariocas, e assinado pela coordenadora Flavia Souza. O objetivo é contribuir para que o carioca tenha uma praia mais agradável, além de melhorar as condições de trabalho do barraqueiro, facilitando a montagem da barraca e proporcionando um ambiente de conforto e qualidade operacional.
Kaarina Virkki, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio (NPTU)
Kaarina Virkki, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio (NPTU), apresentou algumas tendências e casos de empresas e iniciativas que já enxergam e trabalham o residente como possível consumidor de produtos e serviços turísticos, além de exibir alguns resultados de pesquisas do Núcleo de Pesquisa relacionados à temática, que visam incorporar o residente ao turismo na cidade. A cidade do Rio de Janeiro após os Jogos Olímpicos está renovada e o próprio residente já não conhece tão bem a cidade. Com tantas transformações e melhorias no transporte público, o residente deve ser visto como um potencial consumidor e embaixador do próprio destino.
Talita Uzeda, Supervisora Ambiental do Grupo Cataratas, trouxe um pouco da trajetória do Grupo, e seus diversos ativos turísticos e ambientais, e contou da vasta experiência de projetos que já realizam junto à universidades no AquaRio, e como essa experiência tem sido exitosa. O fechamento do evento ficou por conta do professor Carlos Costa, Catedrático e Diretor do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) da Universidade de Aveiro, Portugal, que aborda uma nova visão de Turismo e como as redes de turismo são de suma importância para o desenvolvimento do destino. E para finalizar, Geiza Rocha, do Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro – Alerj, apresentou iniciativas governamentais de aproximação dos diferentes atores, sendo uma iniciativa recente o passaporte para visitação de museus na cidade.
Esta segunda edição do evento permitiu uma maior interação entre os diferentes atores e a conexão Brasil – Portugal foi de grande valia para fomentar a aproximação entre a academia e o mercado, o setor público e privado. Os estudos de inovação territorial realizados na Universidade de Aveiro, em Portugal, mostram a importância desta temática para a inovação no Turismo. E o momento que a cidade do Rio de Janeiro vive, no período pós Olímpico torna-se oportuno para se fomentar a discussão sobre a temática de inovação que foi tratada ao longo deste evento. Em 2020, o Núcleo de Pesquisa em Turismo trabalhará para obter recursos e dar continuidade a este debate, em sua terceira edição. Que a tecnologia seja vista como uma ferramenta para a inovação no turismo, mas que a inovação esteja muito além da tecnologia.
Hélices do Turismo 